Pela primeira vez desde que foi eleita para a Presidência do Uruguai, há 15 anos, a coalizão Frente Ampla, formada pelo ex-presidente José”Pepe” Mujica e pelo atual presidente Tabaré Vázquez, corre o risco de perder o poder no país.
Pesquisas de opinião apontam vantagem para o candidato da oposição Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, em relação ao presidenciável governista Daniel Martínez, da Frente Ampla. Um levantamento da empresa Factum divulgado na quarta (20), quatro dias antes do segundo turno da eleição neste domingo, indicou que Lacalle Pou contaria com 51% da intenção de votos e Martínez, com 43%.
A distância entre os dois presidenciáveis apareceu um pouco maior na pesquisa Metrocall Contact Center, publicada pelo jornal uruguaio “El País”, na quinta-feira (21), com 52% para o opositor e 41% para o candidato da situação. Setores governistas observam que o índice de indecisos, em torno de 4% a 6%, ainda é alto, mas admitem as dificuldades.
“Sem dúvida, essa é a nossa eleição mais difícil para presidente. Existe uma crise (econômica) regional que impacta o Uruguai. Outro fato é o processo de mudança de lideranças da Frente Ampla. Não é fácil, tendo líderes marcantes como Mujica, Tabaré e Astori”, disse à BBC News Brasil o deputado federal José Carlos Mahía, da Frente Ampla, eleito, em outubro passado, para seu sexto mandato seguido na Câmara dos Deputados.
Tabaré, de 79 anos, Mujica, de 84 anos, e o ministro da Economia Danilo Astori, de 79 anos, são apontados, dentro e fora da Frente Ampla, como o “triunvirato” e os “pilares” da coalizão que chegou à Presidência em 2004.
A Frente Ampla marcou a chegada da esquerda na Presidência, como fato inédito na história uruguaia. Até 2004, quando Tabaré foi eleito para seu primeiro mandato presidencial, os partidos Nacional (conhecido como “Blanco”) e Colorado, que surgiram no século 19, se alternavam na Presidência. Tabaré governou o país até 2010, quando passou a faixa para Mujica que depois, em 2015, a passou de volta para Tabaré. (Por BBC).