
Em sessão virtual na Assembleia Legislativa catarinense, nesta quarta (4), o deputado Kennedy Nunes (PSD) voltou a criticar o julgamento de um caso de estupro em que a vítima foi esculachada pelo advogado de defesa sem qualquer ação por parte do promotor e do juiz.
“Tem uma menina da idade da minha filha que vai em uma festa e perde a virgindade, isso é fato. Quando ela procura a Justiça e quando pensa que vai ser abraçada e protegida, ela, em plena audiência, é novamente violentada. Quem manda no julgamento é o juiz, não é? Parabéns juiz, o senhor teve a coragem de deixar uma mulher ser novamente agredida”, discursou Kennedy, que reverberou a frase do meritíssimo dirigida à vítima: “tome uma água para se recompor”.
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Ada de Luca (MDB), Luciane Carminatti (PT) e Dirce Heiderscheidt (MDB) também lamentaram a omissão do juiz e do promotor.
“A jovem foi submetida a uma inquisição vexatória e humilhante, precisamos que todas as condutas sejam apuradas e eventualmente punidas, queremos respeito”, pediu a coordenadora da Bancada Feminina da Alesc, acrescentando que entre 2010 e 2018 o estado registrou crescimento de 88% nos estupros consumados.
“A forma como esse processo se deu me lembrou a época medieval, quando as mulheres que questionavam alguns comportamentos que a colocavam em submissão total, eram amarradas e queimadas em praça pública”, rememorou Carminatti.
“É uma situação muito complicada e a palavra que precisamos é respeito”, concordou Dirce, que apelou aos colegas homens para se juntarem à Bancada Feminina em defesa das mulheres.
Já os deputados Jessé Lopes (PSL) e Maurício Eskudlark (PL) pediram cautela para não incriminar alguém que ainda não foi condenado definitivamente.
“Temos a responsabilidade de não incriminar alguém antes de um desfecho”, justificou Jessé, que citou o caso do prefeito Gean Loureiro, que foi filmado em ato sexual com servidora da prefeitura em repartição pública. “Ao olhar a cena a gente vê que houve consentimento das partes e ela tentou incriminar o prefeito”.
“Nosso estado é campeão em violência doméstica, esse machismo e o sentimento de posse na relação são problemas gravíssimos”, afirmou Eskudlark, ponderando em seguida que as imagens mostram que a vítima entrou e saiu do local do suposto crime voluntariamente. (Vítor Santos/Agência AL).