
A Dama de Ferro, Margaret Thatcher, ex-primeira Ministra do Reino Unido, proferiu uma frase emblemática que no Brasil parece pouco seguida. Disse ela que “não existe essa coisa de dinheiro público. Existe o dinheiro dos pagadores de impostos”. Nossos políticos, em sua grande maioria, não compreendem o significado dessa afirmação e transformam os recursos oriundos do suor dos trabalhadores em financiadores de mordomias dignas das monarquias mais onerosas do mundo.
O cartão corporativo foi criado no governo Fernando Henrique Cardoso, a fim de facilitar aquisições imediatas para Ministros e Presidente da República. Seus gastos são livres e sua fatura é mantida em sigilo absoluto durante um período, por questões de segurança nacional. Essa semana, o jornal Gazeta do Povo divulgou alguns dos gastos da ex-Presidente Dilma, causando revolta em quem, a duras penas, procura manter seus tributos em dia.
Os gastos com mordomias, que fogem do propósito do cartão, mostrou que Dilma gastou no aluguel de uma lancha para passeio R$ 30 mil. Cachaças caras, espumantes e vinhos importados, além de carnes nobres, como codorna desossada por mais de R$ 100 o quilo, carnes especiais que custaram mais de R$ 10 mil, queijos finos e o exótico sorvete de tapioca que custou R$ 400 ao erário público, demonstram que a chefe do Poder Executivo, à época, esqueceu a realidade do povo brasileiro. Até duas coleiras para seu labrador foram compradas por Dilma com nosso dinheiro, ao custo de R$ 255. O total de gastos da ex-presidente no último ano completo no cargo atingiram R$ 26 milhões até o mês de julho. A gestão de Lula não foi diferente, desencadeando manifestações de parlamentares que queriam explicações sobre a chamada “Farra dos Cartões”, em que apareciam aberrações por parte da equipe ministerial, servidores e até de familiares de Lula, como sua filha Lurian, que em 2007 gastou R$ 55 mil entre abril e dezembro. Outros abusos foram detectados pelo TCU na época, como pagamento de um conserto de uma mesa de sinuca, aquisição de ursos de pelúcia e até a contratação de vinte bailarinas.
Esse ano, até julho, o gasto de Bolsonaro foi 25% menor se comparado ao último ano de Dilma, porém, o sigilo da maior parte dos gastos demonstra que as práticas de manter privilégios tendem a continuar. Torço para que nossos políticos compreendam que cada centavo pode representar não apenas uma economia, mas a imagem de austeridade que tanto desejamos e, com isso, deem fim ao abominável “Bolsa Privilégios”.