O governador Carlos Moisés da Silva está prestes a encerrar o nono mês à frente do Executivo catarinense. Nesse período, teve que montar uma equipe do zero, entender o funcionamento da máquina administrativa, definir estratégias para reduzir o custeio, planejar ações e obras, aprovar projetos na Assembleia Legislativa e afinar o relacionamento com o governo federal.
Os momentos tensos não foram poucos, mas os resultados já aparecem e são comemorados nesta entrevista exclusiva concedida para a reportagem da Associação de Diários do Interior (ADI-SC) e da Associação de Jornais do Interior (Adjori-SC), em integração editorial.
A conversa quase informal durou cerca de 40 minutos. Aqui você lê apenas uma pequena parte. A íntegra da entrevista está em www.scportais e sites agregados, www.adisc.com.br e rcnonline.com.br
ADI-SC/Adjori-SC – O governo tem feito e anunciado entregas. Esse dinheiro está saindo diretamente do tesouro?
Carlos Moisés da Silva – Temos ações concretas de economia. Algumas são mensuráveis. Como a economia de R$ 6,2 milhões em combustível. Passamos a comprar por aplicativo. Tínhamos 2.688 contratos de compra e, agora, apenas um. Isso gera economia. Fizemos o pregão eletrônico, que foi outro fator. O governo sem papel… Selo e papel A4: só isso vai gerar uma economia de R$ 30 milhões, que é o orçamento de manutenção das duas pontes (Pedro Ivo e Colombo Salles, na Capital). Quem diria que o Estado gasta milhões com papel? Você tem noção do que é essa economia repetidas vezes? A gente cria coragem de lançar algumas obras com dinheiro próprio. Por exemplo, essa obra precisa de dez meses de execução e custa R$ 20 milhões. Então, são R$ 2 milhões por mês. Tem R$ 2 milhões por mês? Tem, porque estamos economizando aqui e ali.
ADI/Adjori – Em nove meses de governo houve discussão sobre duodécimo, incentivos fiscais, agrotóxicos. Mais alguma grande mudança?
Moisés – O duodécimo é uma pauta que se repete. A pauta dos benefícios fiscais ainda não terminou porque tem o rescaldo. A discussão não é focada no agrotóxico. Nem sempre aumentar tributo é ruim. Você equilibra o mercado. E nem toda isenção é benéfica. Dar o incentivo é incentivar o consumo. Então a bebida alcoólica não tem incentivo, fumo não tem incentivo. Pauta polêmica? Acho que o que eu apanhei já foi suficiente (risos).
ADI/Adjori – Há expectativa de que Santa Catarina se beneficie pela votação expressiva em Bolsonaro. Está satisfeito com as ações do governo federal para Santa Catarina até aqui?
Moisés – Estou satisfeito. Ele tinha eventos aqui no início do mês, e não veio por saúde pessoal. Mas os ministros têm representado muito bem o governo Bolsonaro. Para nós e para Santa Catarina, obviamente ressurge a esperança com a eleição do presidente. Por quê? Porque se Jair Bolsonaro não fosse eleito, esses ministros com os quais converso no dia a dia, tendo acesso a eles, seria um político de carreira. Como eu, um sujeito que nunca foi político, teria acesso franqueado a um ministro político? Eu ia ter que pedir a bênção para quem? Todos os ministros do Bolsonaro, sem exceção, a gente liga para eles e é dá, dá, não dá, não dá. É nesse nível a conversa. O que acontece no Brasil hoje é um fruto que vamos colher daqui a cinco, oito anos, e eu tenho expectativa, e certeza, de que o Brasil será outro. É um governo técnico, como se esperava.
ADI/Adjori – Durante pautas polêmicas ouviu-se muita reclamação por falta de diálogo do governo. Como o senhor avalia essas críticas?
Moisés – Eu acredito que não são procedentes. Recebemos representantes do setor do agro aqui e conversamos, passando a posição do governo e recebendo a posição deles. Eles admitiram que há muito o que melhorar, especialmente em treinamento, em cuidado com o agricultor. O que o Moisés fez foi tocar num assunto que ninguém tem coragem de tocar. Não estou dizendo que eu sou o dono da razão, mas esse é um assunto que não deve mais sair da pauta. E, se depender de mim, não sairá. Precisamos estabelecer rigor na entrega desses produtos e precisamos de envolvimento da sociedade. O resultado do debate que nós provocamos é muito melhor do que qualquer resultado prático, policialesco, de coação, ou de regra tributária. Não é rejeitar o que temos, mas como pode melhorar.