Hugo Paulo Gandolfi de Oliveira, jornalista, professor universitário
A profusão de autoridades, de todos os âmbitos, em determinados eventos públicos mostra um dos lados insanos da política quando o excesso é desconexo com o objetivo. Foi exatamente isso que ocorreu na visita (quase inócua) do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello (também citado como general intendente, por ser bem-mandado, ou pau-mandado, do presidente da República), a Chapecó nesta sexta-feira.
Uma iniciativa que era para ser de puro trabalho – pela saúde – serviu, num terrível momento de colapso devido ao aumento de casos e de mortes pelo coronavírus, para uma sucessão de poses para fotos, presenças fúteis, “faturando em cima” da desgraça coletiva. Além de resultados pífios.
Quem veio para não fazer nada, mostrou sua momentânea inutilidade, útil apenas para aglomerar na mesa das autoridades, impávidos. Sem contar os “papagaios de pirata” atrás postados, como estáticas múmias, impolutos no jogo de cena.
Bastariam, pela gravidade do momento, além do ministro, o governador, prefeitos, secretários da Saúde e outros envolvidos diretamente no combate à pandemia. Claro, também dos profissionais da imprensa para mostrar o que houve, ou não, causas e consequências.
O que se viu foi “um monte de gente” sem qualquer relação com a causa. Ou seja, parlamentares estaduais e federais (normalmente ausentes) preenchendo espaços, secretários de Secretários Estaduais “nada a ver” com a pandemia, outras “otoridades” acavaladas no aparecimento e restantes mais. No momento, todos desnecessários, inúteis, sem vergonha do oportunismo, mesmo atrás das máscaras. Perderam a oportunidade da grandeza da ausência.