Marcos Drumm, de 38 anos, foi mais um morador chapecoense que lutou muito, mas não venceu a Covid-19. Nesta quarta (3), ele faleceu em hospital de Rio do Sul, aonde foi transferido e aguardava por serviço que não era prestado em Santa Catarina.
Sem nenhum outro quadro de comorbidades, Marcos foi afetado severamente pelo vírus, tendo cerca de 90% do pulmão comprometido e precisou ser transferido do Hospital Regional de Chapecó por não haver mais leitos, no início de fevereiro. Primeiro foi para o Hospital Frei Bruno de Xaxim, onde permaneceu por 11 dias. No dia 16 de fevereiro, Marcos foi entubado e transferido para Xanxerê e no dia seguinte levado para Rio do Sul (SC), onde a equipe médica também já solicitou atenção para o caso de Marcos. A justiça determinou que o Estado levasse Marcos para algum hospital que fornecesse esse atendimento, no entanto o prazo determinado expirou e a família não teve retorno.
Por conta do grande comprometimento do pulmão, o respirador não conseguia mais oxigenar o sangue dele de maneira adequada. “Isso a curto e médio prazo é bastante prejudicial e por isso a alternativa para suprir, é transferi-lo para um serviço que faz ECMO (pulmão artificial), que é essa circulação extracorpórea que fará a oxigenação do sangue dele enquanto há uma recuperação da parte pulmonar”, explicou Marcelo Vier Gambetta, diretor técnico da UTI Covid do Hospital Regional do Alto Vale
O advogado Marcos Cristiano Alberti, que assessora a família, o Ministério Público e o Hospital Regional Alto Vale relataram que a transferência foi negada, porque o Estado alegou que não tinha meios para fazer. “O hospital tentou o contato para que Marcos fosse transferido para outro hospital e pediram para que a regulação fizesse o intermédio da transferência que foi negada, alegando que eles não tinham meios para fazer, que o equipamento não era padronizado no SUS. Ou seja, foram contra a orientação médica”, disse o advogado.
Sem outra alternativa, pois cada minuto era importante para salvar a vida de Marcos, sua esposa Eliane e familiares chegaram a abrir uma vaquinha digital para custear o tratamento.