Economia

Demissões em Chapecó ultrapassam a marca de 12 mil desde o início da crise

O Sebrae/SC divulgou nesta semana a segunda edição da pesquisa que apresenta o impacto da pandemia do novo Coronavírus na economia do Estado. De acordo com a sondagem, que analisou o universo dos pequenos negócios e das médias e grandes empresas, cerca de 406 mil pessoas já perderam seus empregos desde o início da crise provocada pela pandemia da Covid-19. Só em Chapecó, são 12.580 pessoas desempregadas desde o início da crise. A margem de erro é de 5.4 pontos percentuais para mais ou para menos.

De acordo com a sondagem, que analisou um universo de 26.364 empresas, 26,5% dos empresários de Chapecó demitiram até dois funcionários no último mês. Em relação ao faturamento, as empresas do município tiveram queda média de 61%, apontada por 89,2% dos entrevistados. O montante chega a R$ 289,899 milhões. Além disso, a pesquisa apontou que 1,27% das empresas encerraram as suas atividades na cidade. “Esse último número parece pequeno, mas representa 335 empresas que encerraram as suas atividades no município. É significativo se pensarmos que tantos empresários não tiveram outra alternativa e precisaram encerrar suas atividades em um único mês”, comenta o diretor técnico do Sebrae/SC, Luc Pinheiro.

No oeste catarinense, 26% dos empresários afirmaram terem demitido ao menos um funcionário no último mês. Na primeira edição da pesquisa tinham sido 17%. Os números representam 64.813 pessoas sem emprego na região. Em relação ao faturamento, 89,2% dos entrevistados afirmaram uma queda de 50% no faturamento, resultando num total de R$ 1,5 bilhão.

ANÁLISE DA PESQUISA

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Chapecó, Clóvis Afonso Spohr, a pesquisa é impactante e revela o período crítico vivido pelo Estado em todos os setores econômicos, especialmente no comércio local.

“Os números são assustadores e mostram que o desemprego começa a fazer parte da nossa rotina. No comércio, podemos afirmar de forma simples e direta que praticamente todo o setor perdeu 70% de suas vendas no período. É um dado preocupante porque escancara a dificuldade dos empresários em manter as atividades sem a necessidade de cortes, última medida esperada”, avalia Spohr.

Segundo o presidente, a porcentagem de empresários que já tomaram a decisão de demitir, a quantidade de pessoas desempregadas, o número de empresas fechadas e a previsão de queda abrupta do faturamento para 90% dos entrevistados apontam para um cenário difícil. “Começa a ficar preocupante o nosso desenvolvimento diário. Serão dias difíceis, porque, embora a situação crítica já é uma realidade, ainda não temos todas as consequências palpáveis”.

Diante do cenário, Spohr afirma que a pesquisa ajudará os setores a enxergarem de forma mais nítida o tamanho do problema e a tomar decisões mais acertadas. “Cabe a nós agora o discernimento e a capacidade de analisarmos esses números, avaliarmos o que temos pela frente e tomarmos as atitudes mais corretas. Precisaremos rever conceitos e reconstruir tudo”, sublinha o presidente da CDL Chapecó.

Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC), Nelson Akimoto, esse tipo de pesquisa é muito importante para dar um cenário real sobre os impactos na economia e nos negócios, além de fornecer dados que contribuem para a tomada de decisões assertivas e rápidas. “Os números da pesquisa são preocupantes, tanto sobre os indicadores de desemprego pela crise da Covid-19 quanto por não saber o período em que esse ciclo terminará, o que reforça a necessidade das empresas se prepararem para a retomada em uma nova realidade”, avalia.

O presidente da ACIC afirma que os números de Chapecó surpreendem negativamente, pois não era possível imaginar a dimensão do impacto. “Espero que esse cenário se reverta logo, eu sou otimista quanto a isso, pois já tivemos a prova de alguns setores como as agroindústrias que estão contratando. Assim, talvez tenhamos uma retomada mais acelerada do que em outras regiões. Contudo, ainda é muito preocupante”, comenta.

Como alternativa para reduzir esse impacto na economia regional, Akimoto sugere a atuação rápida nas três maiores “dores” das empresas. “A primeira dor é voltar a trabalhar e aos poucos temos notado a retomada das atividades com responsabilidade; a segunda é o acesso às linhas de crédito estruturadas para esse momento no qual é fundamental fazer a economia girar e evitar demissões e a terceira é a flexibilização dos pagamentos de todos os impostos com prazos e condições especiais”, argumenta.

PESQUISA

O levantamento teve como objetivo acompanhar as consequências econômicas provocadas pela Covid-19 (em setores, regiões e segmentos) acompanhando as mudanças de cenário frente as ações de enfrentamento da crise provocada pela pandemia.

A sondagem considerou o universo dos pequenos negócios e das médias e grandes empresas, que compreende 855.952 negócios. Ao todo foram ouvidos 4.348 empresários de todas as regiões de Santa Catarina (189 municípios), no período de 13 a 14 de abril. A margem de erro é de 1.5 ponto percentual para mais ou para menos.

Em Chapecó entidades auxiliaram na realização da pesquisa: Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC), Câmara de Dirigentes Lojistas de Chapecó (CDL Chapecó), Centro Empresarial de Chapecó (CEC), Deatec, Simec, Simovale e Sindiplasc. (MB Comunicação).

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