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Comércio tem mais de 5 mil empresas e gera 20 mil empregos no município

Chapecó, 1917. A área de 14.053 Km² abrangia o que é hoje toda a região oeste catarinense, onde os pinhais rodeavam o pequeno povoado cortado por rios de águas límpidas, chamado Passo dos Índios (Mônica Hass – 2003). O território era essencialmente rural quando os primeiros desbravadores chegaram para construir o município que completa 103 anos de história marcados pelo desenvolvimento regional.

Os primeiros comércios se confundiam com moradias, ambos de madeira, alocados em ruas de terra que seriam traçadas só a partir de 1930. O trecho que se transformou na principal Avenida da cidade, Getúlio Vargas, era ocupado pela pequena população urbana de apenas 2.633 habitantes, em 1950, que dividiam espaço com carroças, bois e cavalos.

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A primeira sede das Lojas Cansian – Joalheria e Ótica – surgiu bem nesta época. Fundada em 1949, foi um dos comércios chapecoenses a abrir as portas antes mesmo do planejamento urbano local. A empresa, que tem hoje três lojas na cidade e inaugurará mais duas neste ano e um site para e-commerce, foi um empreendimento ousado na época e pioneiro no Estado, criado pelos irmãos Dorval e Egidio Cansian. No início, os dois eram os únicos funcionários do estabelecimento que atuava na fabricação de joias, conserto e venda de relógios numa pequena casa alugada que também servia de moradia de Dorval e Egidio. Em 1955, os irmãos Cansian iniciaram a construção da nova sede da loja e em 1957, após a conclusão da obra, os irmãos Oclides e Elírio entraram na sociedade. Com a sede própria, ocorreu a ampliação do setor de ótica e a expansão da produção de joias.

“O tio Oclides especializou-se na área e foi o primeiro ótico da região oeste. Além de construírem um laboratório para produção de lentes, eles deslocavam um vendedor da loja para acompanhar as consultas do médico oftalmologista na região. Assim, já ofereciam lentes e armações. Imaginem isso na década de 70, impensável para nossa época ”, conta Lisandra Cansian, filha de Dorval, que hoje administra as lojas junto com o irmãoRegis. Ambos cresceram vendo de perto a transformação dos negócios e da cidade.

As décadas de 70 e 80 foram de grande expansão em Chapecó. O município cresceu 70% de uma década para outra e alcançou 90 mil habitantes. O comércio seguiu a onda e a Cansian novamente ampliou mercado. A empresa percebeu a necessidade de atuar com outros produtos, e investiu na linha de bazar e eletroeletrônicos. Por muitos anos teve um departamento de cristais, porcelanas, baixelas, faqueiros e também rádios e televisores, além do serviço de assistência técnica. Neste período, Lourdes, uma das irmãs Cansian também começou a trabalhar no empreendimento da família.

“No boom econômico da década de 80, a empresa tinha o dobro da estrutura e 25 funcionários. A região se desenvolvia com as agroindústrias e a cidade crescia baseada na união de esforços e no DNA empreendedor que a identificam até hoje”, destaca Lisandra.

Sete décadas depois da fundação, a Cansian voltou às origens, de joalheria e ótica, e modernizou a indústria de joias de alta tecnologia, com produção em 3D. Abriu duas lojas no Shopping Pátio Chapecó e investiu em marcas próprias, que permitem a produção de joias personalizadas, diferencial na cidade e na região. “Investir em tecnologia e parceiros atualizados com o mercado é o que a empresa busca hoje. O cliente está cada vez mais exigente e mais bem informado”, detalha a empresária.

Ascensão econômica

Justamente na década marcada pelo desenvolvimento surgiu outra loja que é marco da cidade: Piana Magazine, inaugurada em 1981, como uma boutique, especializada em marcas premium. Com estrutura montada no piso térreo de um edifício, mais distante do centro, a loja iniciou a comercialização em um momento em que o município já contava com a maior parte da população em área urbana. O período marcou as maiores transformações urbanas, com a implantação de novos loteamentos, vias, empresas e implementação de obras.

Dez anos depois, a Piana ampliou a estrutura e se instalou no centro da cidade, onde permanece até hoje. De um piso passou para dois e depois quatro andares. “Na época, o comércio era bem diferente, centralizado, as principais lojas estavam aqui e toda a região dava preferência para comprar no centro. Se analisarmos em ciclos de cinco em cinco anos, podemos dizer que o comércio de Chapecó é dinâmico, muda muito, se reinventa. Tivemos períodos de crescimento e fortalecimento de lojas locais, de fechamento de outras que eram muito fortes, como A Barateira, Néri, Grazziotim, HM, Ponto Frio, Imcosul e Buri. Também tivemos uma experiência com lojas no Shopping Itajoara, abertura e fechamento de tantas outras pequenas que nem lembramos mais, passamos em frente ao “ponto” e não notamos que já tem outro nome. Contamos com o ciclo de fortalecimento do comércio nos bairros, da abertura do Shopping Pátio Chapecó e da chegada das grandes redes de confecção e calçados. Agora estamos no ciclo de consolidação das vendas on-line”, observa o proprietário da Piana Magazine, Edson Piana, filho do fundador Demétrio Piana.

No final da década de 90, o município contava com mais de 500 indústrias, 4.000 estabelecimentos comerciais e 8.000 empresas prestadoras de serviços. Neste período, empreendedores de todo o País sofreram com a crise econômica e o congelamento dos recursos provocado pelo governo Collor. “Em nossa história empresarial já passamos por períodos piores que este {pandemia}, como na época que quebrou o Banco Econômico (1995), onde tínhamos o capital de giro depositado, ou o momento do confisco feito pelo Collor (1992). Passamos por sete planos econômicos e há muitos anos decidimos diversificar os investimentos, mas sempre priorizando Chapecó”, lembra Edson.

O que mudou?

Tanto Lisandra Cansian quanto Edson Piana destacam a união de esforços das lideranças da cidade como diferenciais de Chapecó que respondem pelo desenvolvimento socioeconômico do município e da região.

“Meu pai e meu tio Elírio participaram da fundação da Sociedade Amigos de Chapecó (SAC -1966). Tio Elírio também foi um dos fundadores do Sindicato do Comércio da Região de Chapecó (Sicom) e o tio Oclides foi um dos 24 fundadores da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do município em 1969. Esse envolvimento das lideranças com a construção da cidade, aliado à confiança e à qualidade dos produtos e serviços ofertados, a tornaram o que ela é hoje. Não tínhamos universidades e hoje contamos com mais de 35. Há 20 anos, podíamos contar nos dedos a quantidade de hotéis instalados, hoje perdemos a conta. Temos todos os setores muito bem desenvolvidos, especialmente o agronegócio e o turismo de negócios, com feiras e eventos. Olho para o futuro e só vejo a cidade crescendo”, sublinha Lisandra.

“Em algumas cidades o comércio está estagnado ou retrocedeu, mas Chapecó continuará sendo visada pelas grandes redes e o comércio continuará sendo competitivo e dinâmico’, projeta Edson.

O presidente da CDL Chapecó, Clóvis Afonso Spohr, ressalta que o município tem hoje mais de 25 mil empresas, mais de 5 mil comércios, que superam 80 mil empregos com carteira assinada. São mais de 11,5 mil microempreendedores individuais na Capital do Oeste.

“Só o setor do comércio é responsável por 25% dos postos de trabalho formais que contribuem para o desenvolvimento socioeconômico da cidade: são 20 mil empregos. Contamos com todos os segmentos fortemente representados e não precisamos sair de Chapecó para buscarmos qualquer serviço, fazermos qualquer compra ou conhecermos qualquer tipo de tecnologia. Todo esse dinamismo nos dá o conforto de vivermos em uma cidade muito bem pautada e indiscutivelmente desenvolvida”.

As lideranças locais apontam o segredo para manter o setor em alta e resiliente às crises. “A tecnologia e a informação serão, definitivamente, a marca do futuro do comércio. Hoje, o cliente tem acesso facilitado de maneira on-line, o que é um desafio para a loja física que precisa se reinventar. O consumidor conhece o produto que procura e, em alguns casos, sabe melhor as características do que o próprio vendedor. Por isso, é preciso estar por dentro das tendências e novidades do setor para que possamos ir além e oferecermos aquilo que o cliente atual busca”, cita Spohr.

“Para continuar sendo um player é preciso estar sempre motivado e continuar motivando a equipe, se atualizando e se dedicando à empresa”, sugere Edson, seguido por Lisandra. “Passar confiança, atender bem e apresentar com agilidade soluções para os problemas dos consumidores são fundamentais. O empresário precisa entender o mercado, acompanhar as inovações e atender as necessidades dos clientes”. (MB Comunicação).

 

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