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Casos de coronavírus triplicam em SC e governador limita trânsito em fronteiras e divisas

Em coletiva de imprensa na tarde desta quinta (19), o governador Carlos Moisés (PSL) e o secretário de Saúde, Helton Zeferino, comunicaram que já chega a 21 o número de casos de coronavírus confirmados em Santa Catarina. No Brasil, são 621 casos confirmados de Covid-19 e sete mortes.

A maior parte dos casos está em Florianópolis. Entre eles estão o de uma mulher grávida, de 34 anos, que esteve em São Paulo, o de um homem estrangeiro de 50 anos que estava em férias na capital catarinense, e o de uma mulher de 44 anos que fez viagem para Fortaleza (CE). Um dos pacientes diagnosticados na cidade está internado numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Moisés afirmou que as medidas de isolamento, por força de decreto que suspendeu o transporte público nos limites do estado e a abertura de estabelecimento que não são enquadrados como comerciais, têm demonstrado ser a medida mais acertada. “Momento é de muita cautela para controlarmos a pandemia”, disse Moisés.

“Se a gente fizer contas vamos perceber que a evolução da infecção é muito rápida, nós praticamente triplicamos os casos notificados, a gente imagina que os casos não notificados possam ser ainda maior”, afirmou o governador. Segundo Moisés, 10% das pessoas infectadas precisam de tratamento intensivo.

Em novo decreto, que altera o anterior, o governo cria duas novas restrições. A primeira é a circulação e ingresso de veículos de fretamento e transporte de passageiros na divisa com outros estados e fronteira com Argentina; e também a proibição de concentração e permanência de pessoas em espaços públicos de uso coletivo.

“Estamos no segundo dia da implementação do decreto, mas ainda é muito cedo para definir quais são os resultados. Se vamos ter resultados melhores que da Itália vai depender do engajamento das pessoas”, afirmou Zeferino.

O governo ainda confirmou repasse de R$ 14 milhões de recursos federais para unidades de pronto atendimento nos municípios catarinenses. Estado tem 801 leitos de UTIs (Unidade de Terapia Intensiva) reservados para pacientes com coronavírus. São 543 para adultos, 160 neonatal e 98 pediátricos.

Disseminação fora de controle

Moisés disse que a medida que está sendo tomada no estado pode trazer resultados diferentes do contexto nacional. Quando baixou a primeira restrição, na terça-feira, 17, a escalada da pandemia no estado já dava sinais de crescimento exponencial. O próprio governador confirmou que já não há mais controle sobre o total de infectados.

“O desastre chegará, o tamanho desse impacto é exatamente a responsabilidade com que vamos lidar”, afirmou Moisés.

Na própria coletiva de imprensa de terça circulou informação de que o número de infectados no estado já chegava a 15 pessoas e de que a contaminação comunitária era realidade no Sul do Estado. As informações só foram atualizadas na quarta-feira, 19, dia que de fato entrou em vigor as medidas restritivas. Mesmo assim, nos dois dias seguintes a escalada de novos casos triplicou.Passamos de 7 no dia 16, segunda-feira, para 21 casos nesta quinta. Suspeitas de novos casos são monitorados em todas as regiões.

Nos hospitais, técnicos informaram que já não há mais material de proteção, como álcool em gel e máscaras. Informação que foi confirmada pelo secretário de Saúde Helton de Souza Zeferino que afirmou que o estado já está providenciando compras emergenciais, inclusive de fornecedores internacionais.

Na manhã desta quinta, 19, o comandante da Polícia Militar, coronel Araújo Gomes, tentou ser mais claro: “Pedimos é que as pessoas tenham consciência do nosso grau de urgência nas ruas porque nós sabemos que nem começou. É como se nós estivéssemos na fase de alerta de um furacão, estamos preparando a cidade, preparando as casas, nos cuidando para que o impacto seja o menor possível”, destacou o comandante. A instituição é responsável pelo acompanhamento do cumprimento do decreto, e quem descumprir pode estar sujeito a pagamento de multa e até prisão.

Matemática da contaminação: SC pode ter mais de 300 infectados

Crescimento exponencial, curva, pico, evolução. Esses termos que dominam os informes sobres o novo coronavírus. O que os dados mostram é que o coronavírus se multiplica muito rápido (escala exponencial). A curva de crescimento acelerada faz o pico extrapolar a margem da capacidade dos sistemas de saúde. Foi o que ocorreu na China, Itália e outros países da Europa. Um pico alto pode levar a falta de leitos e invariavelmente a uma maior taxa de mortalidade. Para se ter um exemplo disso, na Itália, que já tem mais de 41 mil casos confirmados, 450 pessoas morreram em apenas 24 horas. O país já passou a China em número de óbitos (3.405).

Em entrevista ao Estadão, o presidente do Hospital Albert Einstein de São Paulo, médico-cirurgião Sidney Klajner, estima-se que para cada caso notificado no Brasil é possível que existam outros 15 infectados não notificados. Isso colocaria o país em uma situação muito mais alarmante do que se tem hoje em tela. Para se ter ideia, em Santa Catarina poderíamos estimar cerca de 315 infectados. Segundo o especialista, o pico dos casos na epidemia de covid-19 no Brasil deve ocorrer no início de abril. (Fonte SC Portais).

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